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Historicamente somos um município que sempre sofreu com o problema da falta d’água. A nossa geologia favorece esse infortúnio. Quando a comunidade era pequena, ainda nas suas origens e mesmo depois, buscávamos água no Santo André (território paraibano), na cacimba da Pá, Olho d’água da Arrieira (onde fica o “Lava Jato” de Marcos Cassiano), nas Lagoas de Dona Ester, de Santana (também conhecida como de Antônio Augusto) e mais tarde no açude do governo (Açude Velho) construído no final do século XIX. Finalmente no ano de 1981 a iniciativa do prefeito Padre Raimundo Osvaldo Rocha trouxe alívio à população com a construção do Açude Lulu Pinto e a chegada da CAERN na nossa cidade. Daqui a algumas semanas a população de Luís Gomes será abastecida por carro pipa. Era o que tanto se temia e nada foi feito para evitar. Uma situação que comprova a falta de planejamento e a inércia do governo. Assim, mais uma vez, em consequência da situação dita, o passado se fará presente no nosso dia a dia através das “latas d’água na cabeça”, dos galões e pela presença das ancoretas empoeiradas e envelhecidas pela ação do tempo. O velho jumento voltará a ser valorizado e a água tratada com respeito, pelo menos enquanto durar a aflição. As chuvas que caíram no nosso município, no último inverno, não foram suficientes para encher os reservatórios. Veio a estação seca e o tempo quente cuidou de evaporar uma parte do que já era pouco. Por outro, a CAERN, mesmo percebendo o drama que estava por vir, não adotou nenhuma medida com objetivo de racionar a água e, caso seja obrigada a fazê-la a partir de agora, será uma decisão tardia e sem eficácia. Outro fator determinante para fazer crescer o desperdício é a falta de hidrômetros nas unidades consumidoras. A maioria usa água indiscriminadamente e sem ter que pagar a mais por isso. Esse problema que “privilegia” a princípio o cidadão comum e órgãos públicos, prejudicando mais tarde a todos, jamais foi combatido. Ouvi falar de um cidadão que “faz gato” até para encher cacimbão; de outros que mantém pomar pagando apenas o mínimo. Escolas, praças públicas municipais e até o Complexo Turístico Mirante, que tem uma grande piscina, também usam a água, como se diz no dito popular, por conta do rolamento. Documentário em vídeo produzido pelo Grupo Mutirão identificou um vazamento na adutora que transporta a água, na parte que fica entre a Estação Elevatória (Coati) e a Estação de Tratamento (cidade), nas terras dos herdeiros da senhora Aídes Fernandes. Esse foi, a meu ver, o principal responsável pelo desperdício da nossa água neste e noutros anos. Informações colhidas dão conta que HÁ MAIS DE DEZ ANOS, NESSE LOCAL, ÁGUA JORRA EM GRANDE QUANTIDADE, DIA E NOITE, SEM PARAR. Havia outro ponto, dentro das terras do senhor João Batista Fernandes, de igual capacidade, mas foi consertado não faz muito tempo. A CAERN é conhecedora dessa situação e do desperdício que também acontece na Estação Elevatória, quando parte da água é descartada através de uma tubulação e jogada no riacho do Rela. Aqui bastava a instalação de alguns metros de cano e essa água podia ser devolvida ao açude. O outro problema, o vazamento, é resolvido quando instalarem uma ventosa, peça “que permite a entrada de ar quando ocorre redução de pressão em pontos altos da tubulação, bem como, durante o esvaziamento da tubulação por ocasião da manutenção”. A Estação Elevatória fica a poucos metros do açude. Estive no local no início deste mês por duas vezes. Numa fazendo imagens e noutra num trabalho escolar com os meus alunos da Escola Municipal Professor Dubas. O local é “isolado” por uma cerca de arame farpado. Por ela passamos sem dificuldade. Avistamos, logo na chegada, a uma distância de cerca de sete metros do prédio, uma pocilga. O portão de ferro, porta de entrada da Estação, que deveria permanecer fechado, estava apenas encostado. Assim, na situação que encontramos, qualquer pessoa poderia entrar e desligar os motores apenas apertando um simples botão. Situação ainda mais preocupante é a condição que se permite de alguém mal intencionada entrar no local e contaminar a água, que num primeiro momento passa por um tanque de alvenaria, despejando nela algum produto químico nocivo ao ser humano. A Estação de Tratamento, na cidade, onde fica o escritório e a Caixa D’água, passa por uma pequena reforma. Não deu para ignorar que, ao lado do tanque de preparação do cloro e de outros produtos que são misturados a água que recebemos nas nossas torneiras, a uma distância de cerca dois metros, na mesma área, fica um sanitário. O quadro me incomodou. Nessa última semana estive mais uma vez com o Promotor de Justiça Dr. Ricardo da Costa Lima e falei do problema em questão (da falta d’água). Entendi que a CAERN seria convocada para prestar esclarecimentos. Nesse sentido, no penúltimo artigo que escrevi, lembrei que o Promotor precisava agir rápido e exigir da CAERN garantias de que o problema de Luís Gomes será solucionado e, ainda que, inicialmente cobrasse dela um cronograma de trabalho (da mini-adultora) e procurasse saber quais medidas emergenciais seriam adotadas para não deixar a população luisgomense sem água. Nos últimos anos a ONG Grupo Mutirão tem manifestado grande preocupação quando o assunto é ÁGUA. Em 2008 desenvolvemos uma campanha que culminou com a implantação da Tarifa Social da Água no município de Luís Gomes, beneficiando centenas de famílias pobres e, através da Rádio Mandacaru, temos veiculado diariamente campanhas educativas orientando a população sobre o uso racional da água. Na última sexta-feira anunciei, dentro do Programa Passando a Limpo, coordenado por Jordan Lacerda, quando se discutia a questão da iminente falta d’água na nossa cidade, que a ONG Grupo Mutirão faria nesta semana um Ato Público em frente à CAERN. Reunião posterior da Diretoria definiu que na próxima sexta, 23/09, será cumprida a seguinte programação: 10 horas - Discussão na Rádio Mandacaru sobre a temática da Água – Programa Passando a Limpo, coordenado por Jordan Lacerda. 15 horas (3 da tarde) - Reunião na Câmara Municipal com os proprietários de Cacimbões e Presidentes de Associações que coordenam Projetos de Abastecimento de Água no nosso município. 19 horas (7 da noite) - Ato Público em frente ao Escritório da CAERN • Fala de cidadãos da comunidade luisgomense; • Apresentações culturais: Grupo de Flautas do Grupo Mutirão e participação dos Poetas Populares Sebastião Bento e Marcos Antunes. • Exibição do Documentário em vídeo sobre a Questão da Água em Luís Gomes e outros filmes focados no mesmo tema. Outra mobilização com objetivo também de encontrar uma saída para a questão da falta d’água, foi discutida na manhã de ontem na Sala do Presidente da Câmara Municipal de Luís Gomes. A conversa provocada pela vereadora Maria Jerusa, contou com a presença do vereador José Ismar Ferreira e do vereador Luciano Pinheiro (cheguei no meio da conversa), definiu para quarta-feira, 21/09, uma caminhada que sairá do Conjunto Sol Nascente, passará por ruas da cidade e encerrará o ato em frente ao escritório local da CAERN. As escolas públicas e privadas da nossa cidade também participarão. Precisamos do envolvimento de todos nesta luta. A falta d’água é sem dúvida o maior dos problemas que temos atualmente. Políticos e autoridades, em especial a senhora Governadora do Estado Rosalba Ciarline , precisam ser sinceros com os cidadãos de Luís Gomes e dizer, “olho no olho”, o que será feito e quando para resolver a questão. Não dá para tolerar tanta falácia e quase nenhuma ação concreta nessa história. Ora Ela vem para anunciar as obras; ora é “o prefeito que está em Natal tentando resolver o problema”. PAREM! Chega de conversa, de promessas... as águas do Rio São Francisco... a adutora do Alto Oeste e por último a mini-adutora do Açude do Saco. O que vem agora? Certamente o prefeito logo vai assinar decreto, declarando estado de calamidade pública em Luís Gomes. Mais um decreto. Já vi e revi esse filme antes. Luciano Pinheiro de Almeida, professor, sindicalista e vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT) de Luís Gomes/RN. |
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Luís Gomes quase sem água aguarda a chegada do carro pipa Enviado por Luciano Pinheiro de Almeida
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